quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Crônica de eu...



Era ela mais uma vez. Sempre essa estranha dentro de mim, eu, a outra, tudo na mesma casca. Ela sempre volta quando menos preciso, quando começo a me reerguer ela vem, imperiosa, reclamar seu lugar. E como ela é forte...
Chegou e eu nem percebi, quando me dei conta já estava instalada. Atirou meus planos pela janela, e me atirou mais uma vez no vazio, a pensar que eu nada sou. Por que ela sente prazer com isso? E o que é mais intrigante neste sadismo, é que ela, ela sou eu...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Viagens... lugares... - Igreja São Francisco de Assis da Pampulha - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil



Escrito em azul, os desenhos vão poeticamente contando as histórias... Lembrei do texto que eu apresentaria dias depois no congresso de arte, denominado "Por entre imagens azuis..." , Saborosa coincidência!... Comecei a passear por entre os azuis da Igreja São Francisco de Assis da Pampulha, dando voltas em suas voltas,  desvendando Portinari e Niemeyer... Traço, plano, cor, luz, azuis!!... Sorria para a foto... Ops, a noiva vem passando com seu noivo, vão rodeando a lagoa entre flashes... Ihhh ônibus de turistas... Dentro da igreja não pode fotografar, mas através do vidro, ahhh...  a gente sempre consegue um jeito de subverter a ordem em nome da pintura poética...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Viagens... lugares... - Primeiras Impressões de Belo Horizonte e o Mercado Central - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil



Cheguei muito cansada, acordei as quatro e meia da manhã para pegar o voo das dez para as seis de Salvador para Belo Horizonte. Depois de voar, fui ver a forma mais barata de chegar ao aeroporto: um onibus sem ar-condicionado mas bastante confortável que custa a metade do preço do outro e um décimo do preço do taxi de lá dos Confins até o centro da cidade. Uma vez no ponto final, rodoviária, peguei um taxi até o hotel (tudo ficou pelo preço do ônibus com ar-condicionado, e eu ainda parei na porta do hotel, sem necessidade de descer o ladeirão), aliás, é preciso dizer que Belô é uma cidade de muitas ladeiras, aliado a elas muito sol e um clima seco (que bela mistura, hein!?)... Cheguei no hotel as 11hs e tive que esperar até as 12hs em ponto para entrar no quarto (coisas do Formule 1). Dormi até 13hs30: a fome falou mais alto. A comodidade me fez atravessar a rua e almoçar no restaurante em frente,  a comida é boa! Acabei de comer e... tchan tchan... a previsão do taxista naquela manhã banhada de sol estava certa: a chuva começou a desabar forte pelas ruas da cidade e eu, ilhada no restaurante... Uns 40 minutos depois, hora de fechar, mas o garçon me garantiu que eu podia ficar a vontade, eu estava inquieta, minha única tarde livre ia literalmente por água abaixo! Mas não é que o garçon conseguiu um guarda-chuva e atravessou a rua comigo até me deixar na livraria em frente!? Tenho que registrar que a maioria dos mineiros são bastante simpáticos e gentis. Mais uma hora esperando a tal da chuva, e nisso a tarde já ia embora sem nenhuma piedade da turista qua andava pela primeira vez por aquela cidade... Comprei um livro em inglês e outro em francês depois de garimpar os mais baratos, eu quase decorei todos os livro das prateleiras...
Cansei de esperar, a minha inquietação foi maior que o preço que paguei no cabelo para ficar um pouco mais ajeitadinho para a apresentação do  meu trabalho no congresso de arte, saí na chuva, agora rala, por entre as raras marquises, correndo nas ruas, com um casaco na cabeça sendo olhada , por vezes, tal qual olham doidos de rua. Pouco me importava, eu queria chegar ao Mercado Central! Duas quadras e encontrei uma lojinha vendendo sombrinhas, que alegria: comprei imediatamente! E assim uma quadra protegida da chuva dei de cara com o mercado, entrei atônita... Quantos cheiros, quantas cores, quanta variedade! Aquilo era uma festa para os sentidos!
Passei e saborei cada cor, cada cheiro (tirando claro, a parte que vende aves... pratiquei a ausência do cheiro), cada objeto, cada pequeno detalhe... Nunca vi um mercado tão completo: grãos, aves, laticinios, salão de beleza, produtos árabes, japoneses, lembranças, panelas, fitas e tecidos, biscoitos., banco.. enfim, tudo o que o que se pode precisar, encontra-se lá! Um andar e meio e saídas para várias ruas... As ruas da cidade, tenho que deixar meu protesto, foram projetadas para a gente se perder entre diagonais que cruzam as horizontais e verticais perpendiculares. Nossa, dei voltas e voltas com mapa na mão, entro, saio e me perco. E me perder foi adorável lá no mercado, comprei bolotas de chocolate rechedas com cereja e damasco e me diverti por entre as lojas, de um lado a outro, centro, sobe, desce, desentristesse... Fui embora satisfeita com o passeio... A chuva? Passou!... Quase volto para pegar o dinheiro da sombrinha de volta, mas vai que volta a chover? Depois de comprar meu jantar no "Super nosso" (eu adorei o nome!) voltei para o hotel analisando o dia...
Mas eu só descobriria mais tarde, depois de odiar a cidade nos dois primeiros dias, que Belo Horizonte é uma cidade que a gente vai amando aos poucos... Voltei com saudades das linhas e curvas de Niemeyer, da cachaça no bar da esquina, da poesia e prosa no ônibus, da feira do Palácio das Artes, dos museus, do Palácio das Artes, de andar pelas ruas de Savassi, e de muitas outras coisas escondidas entre os emaranhados das ruas planejadas da cidade...


Obs.: Acontece que por vezes fico tão encantada com os lugares ou mesmo pessoas que não registro em minha máquina fotográfica, é como se eles ou elas só pudessem permanecer na minha mente, pedaço de saudade que não se vê... não tenho foto do mercado...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Viagens... lugares... - Colonia Del Sacramento - Uruguay



De Buenos Aires, cortando por algumas horas as águas do rio Del Plata, cheguei fácil em Colonia Del Sacramento, cidade do Uruguay fundada no século XVII pelos portugueses, e que depois passou para os espanhois, e voltou para os  portugueses e que com a independência do Brasil, passou a fazer parte dele por seis anos até a independência do Uruguay... Uma cidade que conta o tempo em cada rua, casa, pedra... O jantar ao ar livre, na luz fria do luar foi doce, a pousada tinha vista para o rio, o cheiro da natureza pedia calma... Em que ano eu estava quando andava por aquelas ruas? Não sei!... Em que país? Quase já não sabia por conta das várias moedas que usava (dólar, real, pesos argentinos, pesos uruguaios), dos vários sotaques de espanhol, algumas vozes em portugues, de  arquiteturas diferenciadas que se harmonizavam... O que eu senti? Prefiro colocar algo que escrevi enquato estava ali, vivendo a viagem...

"Colonia... cidade pequena e aconchegante... me arrebatou em tons de romantismo e aventura... me deixei apaixonar... como já disse o poetinha, é muito bom morrer de amor e continuar vivendo...e por Colonia e suas casas simples de origem espanhola, italiana e portuguesa, me permiti sentir tudo o que podia, devorei o lugar, sua luz, por do sol no rio Del Plata... fechei os olhos, respirei, por segundos senti falta de ter alguem para compartilhar todo aquele sentimento estranho, bom, de paz... ao mesmo tempo em que me senti bem sozinha... contradições...
Por entre ruas de pedrinhas, Rua do Desejo...Desejei ficar mais tempo ali... Mas o bom de se apaixonar é sentir-se livre para desvencilhar-se do objeto desejado...E assim Colonia está para sempre em mim... Não poderia ficar nem mais um dia... O encanto não quebrou..."

Peguei o ônibus para Montevidéu e segui viagem...

(Texto entre aspas extraído de e-mail enviado para Márcio, receptor e leitor paciente dos meus diários-e-mails de viagem durante a empreitada Argentina-Uruguay, em janeiro de 2008)

domingo, 15 de novembro de 2009

Viagens... lugares... - Estação da Luz - São Paulo - Brasil



Era sábado e inverno, dia chuvoso de julho de dois mil e nove, o céu brigava entre o azul e o cinza, saí no iniciozinho da noite do Museu de Língua Portuguesa e fui pegar o metrô na Estação da Luz. Ah, a Luz!!! Impossível não parar para ver o trem e a arquitetura de influência inglesa que nos faz voltar ao final do século XIX, respirar o início do século XX e a abundância do café que tingia os vagões (sem esquecer a torre com o relógio que acertava o tempo dos habitantes paulistas) e ficar deslumbrado com o século XXI. O túnel infinito do metrô me faz pensar na vida.... A Estação é assim!... Você vai e volta no tempo numa rápida viagem.
Dessa vez demorei mais nela pois comecei a ouvir música, de que lugar estava vindo? Vejo a multidão no meio do saguão da entrada, sigo as notas como quem segue a um comando... Entre passantes, passageiros, moradores de ruas, turistas, habitantes, a música unindo todos em minutos de alegria e êxtase... Alguns pediam música para lembrar a juventude, outros queriam música que lembrassem a sua terra distante, outro conseguiu ficar no lugar da pianista e tocar um jazz (e quem disse que morador de rua não sabe tocar piano?)...
A Luz trouxe a alegria, a claridade, o revigorar-se e o enebriar-se de um momento bom para uma turista que não conseguia tirar os pés cansados de um dia de andanças, dali da Estação, e os olhos em festa furtava o maior número de detalhes possíveis... Foi preciso Beda me lembrar que já era hora de partir, mas antes a máquina fotográfica implorava registros, e eu cedi a seu capricho...

domingo, 8 de novembro de 2009

Viagens... lugares... - Café Tortoni - Buenos Aires - Argentina















Hummm, ainda posso sentir o gosto do chocolate quente, suavemente doce, e as media lunas que alegraram uma das noites que passei em Buenos Aires. Depois de andar bastante o dia todo, passeei pela Av Mayo, sendo cortada pelo vento de tom frio de abril, e entrei radiante na fila do Café Tortoni. Um dos mais antigos cafés de Buenos Aires. O lugar convida para uma boa conversa e planos para os próximos dias de viagens com o meu amigo Tico. Enquanto isso, pessoas se preparam para entrar no show de tango, que acontecerá na parte de trás do café. Não, eu não quero ver o show hoje, o cansaço é amenizado pelo aconchego do local. Eu me delicio
com o chocolate, e vou embora satisfeita...

domingo, 23 de novembro de 2008

Domingos...

Não sei, a cabeça roda perguntando o que fiz durante todo o dia... atravessei as horas sem perceber o que fazia, agora é tarde para voltar... Arrumei metade da mala para mais uma viagem: Crato me espera... Sei mais ou menos o que vou encontrar... e o domingo passa de bobeira...
Vi uma fotografia do deserto do sal, água na boca para ir... será que vai dar? Hoje estou tão estranha que não posso afirmar nada, talvez seja a proximidade de uma viagem, tanto tempo que não realizo uma. Medo ou desejo? Os dois, talvez... Domingo continua sendo um dia estranho... Segue então uma poesia que publiquei no meu rascunho e que vale a pena repetir:

Domingo

Dia de um cinza mórbido

Dia de uma alegria insólita

Em vão, alimento os pássaros

De longe, vejo o chumbo a se formar no horizonte

Drago as nuvens, e a chuva é meu choro

Dou ao arco-íris seu próprio tesouro

Aos meus pés, formigas passeiam

Não se dão conta da vida que passa,

Correm alheias aos traspassamentos temporais...

Guardo as migalhas no saco,

Amanhã serão outros pássaros?

Não sei...

A vida insiste em manter a graça...



E na graça vou seguindo no finzinho de meu domingo... e que as coisas melhorem ao dormir...

Ao menos não é uma véspera de segunda, mas foi domingo!