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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Viagens... lugares... - Inconfidente em Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil



Era janeiro, mas senti frio, a chuva caía noite afora deixando a névoa como presente para o amanhecer dos olhos e da cidade. Levei muito tempo salivando pelo momento de caminhar por onde muitos artistas que tenho afeto caminharam. De repente, estava ali com os sonhos que insistiam em gritar, o ônibus chegou tranquilo, do trajeto desde Juiz de Fora, fui traçando o caminho da Estrada Real e seus marcos que perpetuam a história da trilha. A placa com indicação de Itabira me perturbou, e Carlos suavemente preencheu meu pensamento de poesia. Não será dessa vez meu caro poeta que conhecerei sua terra tão apaixonadamente escrita e descrita por você. Isso me dói.

Mas a meta agora era outra, a parada era em outra promessa de tenra juventude, e assim, chego à cidade desejada: Ouro Preto saía do papel e se materializava em minha frente. Tive alegria ao caminhar pelas ruas e ladeiras, olhar emocionada as suas igrejas, museus, construções grandes, imperiosas. Tudo era motivo de encanto: sair nas ruas era motivo de penetrar na história que eu acredito ainda estar ali, entranhada nas pedras pontiagudas das ruas. Caminhando sozinha pela noite, com lenço na cabeça para me proteger da chuva fina e frio, desci ladeiras e passeei por ruas vazias sendo escondida pela penumbra noturna, me senti uma inconfidente nas ruas de Ouro Preto. Ali, evoquei a força e amor de Marília e de Dirceu, a rebeldia e coragem de Joaquim José da Silva Xavier, a arte sublime de Antônio Francisco Lisboa... Pude sentir cada um deles e dos outros que andavam com eles. Entrar em cada casa da história de Minas, da história do Brasil, me fez sentir mais e mais presa a elas. Quatro dias de inconfidente e confidente de uma história de amor antiga: a adolescência sonhando com os versos de Dirceu, da juventude perdida nas formas barroca. Sim Dirceu, é certo que em relação a Ouro Preto, assim como na tão amada Marília, "em seu semblante / as graças moram...". Os chocolates acalentavam o frio e as pernas doloridas das ladeiras subidas. Fui embora no quarto dia, embriagada de inocentes sentidos resgatados de minha história, hora perdidos no caminho do presente, mas que ali, insistiam em me atirar no sonho que se concretizava.

E pedindo a Dirceu mais palavras, pois as minhas perdi pela paixão de ali estar, só posso dizer que  "Hoje em suspiros / o canto mudo: / Assim. Marília./ Se acaba tudo!"

domingo, 27 de dezembro de 2009

Viagens... lugares... - Igreja São Francisco de Assis da Pampulha - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil



Escrito em azul, os desenhos vão poeticamente contando as histórias... Lembrei do texto que eu apresentaria dias depois no congresso de arte, denominado "Por entre imagens azuis..." , Saborosa coincidência!... Comecei a passear por entre os azuis da Igreja São Francisco de Assis da Pampulha, dando voltas em suas voltas,  desvendando Portinari e Niemeyer... Traço, plano, cor, luz, azuis!!... Sorria para a foto... Ops, a noiva vem passando com seu noivo, vão rodeando a lagoa entre flashes... Ihhh ônibus de turistas... Dentro da igreja não pode fotografar, mas através do vidro, ahhh...  a gente sempre consegue um jeito de subverter a ordem em nome da pintura poética...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Viagens... lugares... - Primeiras Impressões de Belo Horizonte e o Mercado Central - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil



Cheguei muito cansada, acordei as quatro e meia da manhã para pegar o voo das dez para as seis de Salvador para Belo Horizonte. Depois de voar, fui ver a forma mais barata de chegar ao aeroporto: um onibus sem ar-condicionado mas bastante confortável que custa a metade do preço do outro e um décimo do preço do taxi de lá dos Confins até o centro da cidade. Uma vez no ponto final, rodoviária, peguei um taxi até o hotel (tudo ficou pelo preço do ônibus com ar-condicionado, e eu ainda parei na porta do hotel, sem necessidade de descer o ladeirão), aliás, é preciso dizer que Belô é uma cidade de muitas ladeiras, aliado a elas muito sol e um clima seco (que bela mistura, hein!?)... Cheguei no hotel as 11hs e tive que esperar até as 12hs em ponto para entrar no quarto (coisas do Formule 1). Dormi até 13hs30: a fome falou mais alto. A comodidade me fez atravessar a rua e almoçar no restaurante em frente,  a comida é boa! Acabei de comer e... tchan tchan... a previsão do taxista naquela manhã banhada de sol estava certa: a chuva começou a desabar forte pelas ruas da cidade e eu, ilhada no restaurante... Uns 40 minutos depois, hora de fechar, mas o garçon me garantiu que eu podia ficar a vontade, eu estava inquieta, minha única tarde livre ia literalmente por água abaixo! Mas não é que o garçon conseguiu um guarda-chuva e atravessou a rua comigo até me deixar na livraria em frente!? Tenho que registrar que a maioria dos mineiros são bastante simpáticos e gentis. Mais uma hora esperando a tal da chuva, e nisso a tarde já ia embora sem nenhuma piedade da turista qua andava pela primeira vez por aquela cidade... Comprei um livro em inglês e outro em francês depois de garimpar os mais baratos, eu quase decorei todos os livro das prateleiras...
Cansei de esperar, a minha inquietação foi maior que o preço que paguei no cabelo para ficar um pouco mais ajeitadinho para a apresentação do  meu trabalho no congresso de arte, saí na chuva, agora rala, por entre as raras marquises, correndo nas ruas, com um casaco na cabeça sendo olhada , por vezes, tal qual olham doidos de rua. Pouco me importava, eu queria chegar ao Mercado Central! Duas quadras e encontrei uma lojinha vendendo sombrinhas, que alegria: comprei imediatamente! E assim uma quadra protegida da chuva dei de cara com o mercado, entrei atônita... Quantos cheiros, quantas cores, quanta variedade! Aquilo era uma festa para os sentidos!
Passei e saborei cada cor, cada cheiro (tirando claro, a parte que vende aves... pratiquei a ausência do cheiro), cada objeto, cada pequeno detalhe... Nunca vi um mercado tão completo: grãos, aves, laticinios, salão de beleza, produtos árabes, japoneses, lembranças, panelas, fitas e tecidos, biscoitos., banco.. enfim, tudo o que o que se pode precisar, encontra-se lá! Um andar e meio e saídas para várias ruas... As ruas da cidade, tenho que deixar meu protesto, foram projetadas para a gente se perder entre diagonais que cruzam as horizontais e verticais perpendiculares. Nossa, dei voltas e voltas com mapa na mão, entro, saio e me perco. E me perder foi adorável lá no mercado, comprei bolotas de chocolate rechedas com cereja e damasco e me diverti por entre as lojas, de um lado a outro, centro, sobe, desce, desentristesse... Fui embora satisfeita com o passeio... A chuva? Passou!... Quase volto para pegar o dinheiro da sombrinha de volta, mas vai que volta a chover? Depois de comprar meu jantar no "Super nosso" (eu adorei o nome!) voltei para o hotel analisando o dia...
Mas eu só descobriria mais tarde, depois de odiar a cidade nos dois primeiros dias, que Belo Horizonte é uma cidade que a gente vai amando aos poucos... Voltei com saudades das linhas e curvas de Niemeyer, da cachaça no bar da esquina, da poesia e prosa no ônibus, da feira do Palácio das Artes, dos museus, do Palácio das Artes, de andar pelas ruas de Savassi, e de muitas outras coisas escondidas entre os emaranhados das ruas planejadas da cidade...


Obs.: Acontece que por vezes fico tão encantada com os lugares ou mesmo pessoas que não registro em minha máquina fotográfica, é como se eles ou elas só pudessem permanecer na minha mente, pedaço de saudade que não se vê... não tenho foto do mercado...