Há dois anos atrás descobri que o amor podia ser branco, e que podia ser de um azul intenso que apesar do frio, era quente. Descobri que o amor estava por ali, nos lugares escondidos nos mapas. O amor estava nas ruas, patinado em lagos congelados, prateando telhados, brincando de esconde-esconde, tingindo de vermelho supermercados, despencando em forma de estrelas, fazendo cócegas no nariz, adoçando o paladar em forma gelada ou quente de baunilha francesa, despejando seu encantamento nas estruturas sólidas das cidades... O amor me pegou de surpresa, com neve e desacertos certos. Com pressa me atirou às pessoas, aos lugares, às aventuras... Me fez falar línguas que eu não sabia... Há dois anos atrás, num dia de Saint-Valentin, manhã fria e azul, branca e feliz em todos os flocos, o amor me tomou de assalto... A falta de ar, o coração que se agita, os olhos que não param, as palavras que se atrapalham, a cara de boba... E quem se importa? O amor é construido por pequenas besteiras...
Foto: Detalhe do Musée des Beaux-arts de Montréal, 2008, février, après Saint-Valentin