De Buenos Aires, cortando por algumas horas as águas do rio Del Plata, cheguei fácil em Colonia Del Sacramento, cidade do Uruguay fundada no século XVII pelos portugueses, e que depois passou para os espanhois, e voltou para os portugueses e que com a independência do Brasil, passou a fazer parte dele por seis anos até a independência do Uruguay... Uma cidade que conta o tempo em cada rua, casa, pedra... O jantar ao ar livre, na luz fria do luar foi doce, a pousada tinha vista para o rio, o cheiro da natureza pedia calma... Em que ano eu estava quando andava por aquelas ruas? Não sei!... Em que país? Quase já não sabia por conta das várias moedas que usava (dólar, real, pesos argentinos, pesos uruguaios), dos vários sotaques de espanhol, algumas vozes em portugues, de arquiteturas diferenciadas que se harmonizavam... O que eu senti? Prefiro colocar algo que escrevi enquato estava ali, vivendo a viagem...
"Colonia... cidade pequena e aconchegante... me arrebatou em tons de romantismo e aventura... me deixei apaixonar... como já disse o poetinha, é muito bom morrer de amor e continuar vivendo...e por Colonia e suas casas simples de origem espanhola, italiana e portuguesa, me permiti sentir tudo o que podia, devorei o lugar, sua luz, por do sol no rio Del Plata... fechei os olhos, respirei, por segundos senti falta de ter alguem para compartilhar todo aquele sentimento estranho, bom, de paz... ao mesmo tempo em que me senti bem sozinha... contradições...
Por entre ruas de pedrinhas, Rua do Desejo...Desejei ficar mais tempo ali... Mas o bom de se apaixonar é sentir-se livre para desvencilhar-se do objeto desejado...E assim Colonia está para sempre em mim... Não poderia ficar nem mais um dia... O encanto não quebrou..."
Peguei o ônibus para Montevidéu e segui viagem...
(Texto entre aspas extraído de e-mail enviado para Márcio, receptor e leitor paciente dos meus diários-e-mails de viagem durante a empreitada Argentina-Uruguay, em janeiro de 2008)